
Já é de se notar, que o Brasil entrou de vez para a rota das grandes bandas internacionais. Sem contar, dos grandes festivais como o Rock in Rio. Isso mostra que países em desenvolvimento e do terceiro mundo com economias mais estáveis passam a ter uma possibilidade maior de acumulação de capital e passam a ter uma maior inserção em outros países. Isso é nítido principalmente agora com as crises dos grandes centros de desenvolvimento do mundo. O enfoque passa a ser cada vez mais e mais nos países do Terceiro Mundo. Isso se pode perceber na música também. Faço esse comentário inicial, pois todas e todos devem saber que no começo de 2012, mais especificamente no final de Março, terá em três locais do Brasil a turnê do The Wall do Roger Waters em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Por isso, decidi postá-lo...
Primeiro algumas curiosidades sobre esse álbum/show/filme. Waters no filme do The Wall conta nos extras de como surgiu a ideia do álbum e do show. Waters conta que estava tocando com o Pink Floyd num local e tinha uma pessoa na plateia que estava muito aborrecida e isso o desconcertou. Daí, o mesmo desceu do palco e deu tapa na cara dele. Daí, ele teve um estalo repentino de fazer um show com uma parede entre ele e o público para que não houvesse essa relação. Até que ponto essa história é verdadeira não posso confirmar, mas se levando em conta de como o Waters é arrogante, pedante e ególatra; isso é bem possível.
Outra curiosidade, é de que ofereceram mais de 3 milhões de dólares na década de 80 para que o Pink Floyd tocasse em um estádio em Los Angeles o show do The Wall, porém Waters teria recusado por que a acústica de estádios são ruins e isso poderia atrapalhar a sua obra. Tudo bem, o artista tem que privilegiar a sua obra ao máximo, mas por que agora, o álbum está em turnê em estádios? Ou por que voltar com o The Wall agora? Basta clicar no link anterior para ver o motivo escrito pelo próprio Waters em inglês. Mas vou fazer uma tradução livre de minha parte do que ele disse em seu sítio eletrônico.
"Eu, recentemente, me deparei com uma citação minha de 22 anos atrás: 'O que eu vejo é isso: Servirá a tecnologia de comunicação de nossa cultura para nos iluminar e nos ajudara compreender um e outro melhor; ou nos distanciará e nos enganará?'
Eu acredito que essa é uma questão relevante e o júri está fora. Tem muito comercial na internet e muita propaganda, mas eu tenho um senso que apenas abaixo da superfície do compreensível está ganhando chão. Nós apenas temos que continuar blogando, twittando, comunicando, compartilhando ideias.
30 anos atrás quando escrevi o The Wall eu era um jovem assustado, não tão jovem assim, pois tinha 36 anos.
Me levou muitos anos para superar os meus medos. De qualquer maneira, durante esses anos ocorreu-me de que talvez a história do meu medo e perda com sua concomitante e inevitável resíduo de ridículo, vergonha e punição; fornece uma alegoria para mais amplas preocupações, Nacionalismos, Racismo, Sexismo, Religião. Ou seja. Todas essas questões, e ismos são dirigidos pelo mesmo medo que conduziu a minha vida.
Essa nova produção do The Wall é uma tentativa de fazer algumas comparações, iluminar alguns predicamentos atuais e é dedicado a todas as perdas inocentes ao longo dos anos.
Em alguns lugares, salas de aula, existe uma visão cínica de que os seres humanos não são capazes de ser mais humanos, generosas, amorosas, mais cooperativas, mais simpático com relacionamentos com outras pessoas.
Eu discordo.
Na minha visão, é muito cedo em nossa história para chegar a essa conclusão, nós somos depois de tudo uma espécie muito nova. Eu acredito que temos, ao menos, a chance de aspirar para algo muito melhor do que o ritual de cobra-come-cobra. Essa é a nossa resposta atual para o nosso institucionalizado medo de cada um.Eu sinto que é a minha responsabilidade enquanto artista de expressar, embora guardado, meu otimismo e encorajar pessoas a fazer o mesmo. Citando um grande homem: 'Você pode dizer que sou um sonhador, mas eu não sou o único'(John Lennon- Imagine)"
Com esse relato pessoal de Waters, podemos ver que o motivo da volta em turnê desse grande álbum não é apenas mercadológico, mas também para manter viva a chama de mudança que o mundo vem passando, seja através da Primavera Árabe a Ocuppy WallStreet.
Entrando na questão do álbum, foi gravado em 1979. É um álbum duplo que conta a história de Pink Floyd (sim, o nome da personagem é o nome da banda) que é um artista frustado que perdeu o pai na guerra, teve uma mãe super zelosa até demais eu diria, teve um professor deveras opressor, sua mulher o traiu e o deixou. Após isso tudo, ele cria um muro entre ele e o mundo e passa a ser um ditador tirânico que persegue judeus, negros, homossexuais.
É impressionante, como Waters consegue ligar fatos da vida dele ou da do Syd Barret (pois não se sabe ao certo sobre quem mais tem a ver a história), pois o pai dele morreu na guerra e outras histórias por qual Pink passou com os fatos atuais, como o Nazismo e o muro de Berlim e bipolaridade mundial entre Capitalismo e Socialismo. mesmo sendo um álbum de música dá para ver a complexidade da personagem crescendo nas músicas, mas confesso que assistir ao DvD do show em Berlin em 90 e ao filme ajuda muito mais a compreender a estética das músicas, pois poucas e poucos foram acostumados a interpretar a música pela música e precisam de outros veículos sensoriais para facilitar o entendimento.
Algumas outras curiosidades do álbum: as crianças que fazem o coro na música Another Brick in the Wall part 2 não receberam dinheiro, cada uma recebeu uma cópia do álbum assim que foi lançado. Rick Whright (falecido recentemente) que era o tecladista da banda na época havia se desentendido com a banda e havia saído; porém ele foi contratado para a turnê do show e foi o membro da banda que mais lucrou com a turnê, pois o show é deveras caro e naquela época a estrutura era pouca e ruim e ainda mais cara.
Sinto que devo uma explicação do por que não postei esse álbum tão especial dessa banda. Apesar de ser totalmente favorável a ideia de se baixar música e democratizar ao máximo o acesso à cultura, eu gosto de comprar CDs; gosto de pegar os encartes e ficar lendo e admirando a arte gráfica e afins. E todos os álbuns que baixei da internet continham alguns erros. por isso, esperei até conseguir comprar o álbum o que aconteceu na minha ida ao Uruguai, donde os CDs são mais baratos devido aos baixos impostos e comprei esse álbum por equivalente a 30 reais o que custa uns 80 aqui no Brasil. Só agora, que tive tempo de postar esse álbum.
Enfim, tem muita coisa que pode ser dita sobre esse álbum, mas acho melhor dar lugar ao próprio e deixar que vocês possam escutá-lo inteiro e na íntegra.
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