Como
definir um clássico? No mundo literário-acadêmico, uma das definições, é de uma
obra que continua gozando de prestígio e importância em gerações posteriores a
ela. Quando saiu em 2001, Toxicity se
tornaria o grande sucesso comercial do System
of a Down, e isso se reflete no fato do álbum ter chegado a figurar no
primeiro lugar da Billboard 200 em
Setembro do mesmo ano. Uma década depois, o álbum continua sendo escutado seja
por fãs da geração passada ou por uma moçada mais contemporânea. E mesmo com o
sucesso do quase duplo álbum Mesmerize e
Hypnotize, continua o grande expoente da banda.
Após
o excelente homônimo de 1998, Toxicity
mostrou ao mundo a que veio a banda, assim como catapultou sua fama em meio aos
milhares de bandas do gênero Nu Metal,
que era basicamente a moda que a indústria mais comercial tanto investia na
época. A própria Rolling Stones na
época comparou o estilo do vocalista Serge Tankian com o de Jonathan Davies do Korn, um dos grandes expoentes do
gênero, assim como fez comparações com Maynard James do Tool, banda mais voltada para o rock progressivo e que lançava seu
trabalho em momento próximo.
Entretanto,
o grande diferencial do Soad (sigla
usada pra se referir à banda) em relação aos demais artistas da época, se não
em termos de estilo, é o grande teor de engajamento político, presente em boa
parte de suas composições. Ademais, o fato dos membros serem de origem armênia
despertou maior interesse por parte da mídia, afinal de contas não era sempre
que se viam bandas com uma proposta e um background
tão interessante.
Logo
na primeira faixa, Prison Song, é
possível notar a tarefa da banda de criticar a sociedade e as políticas
públicas, começando pelo sistema penitenciário norte-americano e o grande
número de detentos. Baixo e bateria, além de um riff contagiante, são os
grandes destaques de uma música extremamente barulhenta e que deixa uma
tremenda vontade de bater cabeça, não importa onde esteja.
Em
seguida, vem Needles que continua a
pegada pesada deixada pela faixa anterior, além da excelente participação vocal
de Malakian se aproximando dos momentos finais da música. Deer Dance e Jet Pilot,
apesar de curtas ajudam a manter o ritmo alucinante do álbum. X, a quinta faixa, prepara o caminho para a primeira grande jóia do álbum, a famosa Chop Suey!, se consolida através de uma
letra marcante, a qual questiona a forma pejorativa como algumas pessoas são
citadas e julgadas mesmo depois de morrerem, principalmente aquelas que tiveram
problemas ou vícios.
Depois
dessa sexta faixa, percebe-se uma segunda parte mais progressiva e experimental
por parte da banda, com exceções de
Bounce, Shimmy e Psycho que
continuam o ritmo acelerado das primeiras faixas. Forest, outra jóia do álbum, mostra certa cadência que ainda sim,
não consegue fazer o ouvinte parar com a vontade de bater cabeça!
Atwa e
Science são também grandes destaques
dessa segunda parte, a primeira com uma belíssima utilização de arpejos que se
transformam em um poderoso refrão na voz de Tankian, enquanto que a segunda
demonstra o diferenciado estilo do Soad
com a participação do músico Avant Garde de
origem armênia, Arto Tunçboyacıyan que traz uma sonoridade única.
Outro enorme destaque é
Toxicity, cujo riff é realmente
memorável e como um todo acaba sendo uma das mais incríveis composições da
banda até os dias de hoje, além das letras que criticam o ambiente tóxico das
grandes cidades e que fica implícito na utilização de uma quase desarmonia
instrumental, refletida principalmente pelo baixo de Shavo, e que remete ao
caos que se observa no cotidiano das grandes cidades.
Por fim, a cereja do
bolo é definitivamente Aerials. Além
de uma pegada progressiva e bem alternativa, a canção consegue envolver o
ouvinte de forma única, unindo o peso das guitarras no refrão, com a sonoridade
reflexiva da ponte que liga os versos e um final com a reprodução de uma canção
tradicional religiosa armênia.