sábado, 31 de agosto de 2013

System of a Down - Toxicity (2001).


Como definir um clássico? No mundo literário-acadêmico, uma das definições, é de uma obra que continua gozando de prestígio e importância em gerações posteriores a ela. Quando saiu em 2001, Toxicity se tornaria o grande sucesso comercial do System of a Down, e isso se reflete no fato do álbum ter chegado a figurar no primeiro lugar da Billboard 200 em Setembro do mesmo ano. Uma década depois, o álbum continua sendo escutado seja por fãs da geração passada ou por uma moçada mais contemporânea. E mesmo com o sucesso do quase duplo álbum Mesmerize e Hypnotize, continua o grande expoente da banda.

Após o excelente homônimo de 1998, Toxicity mostrou ao mundo a que veio a banda, assim como catapultou sua fama em meio aos milhares de bandas do gênero Nu Metal, que era basicamente a moda que a indústria mais comercial tanto investia na época. A própria Rolling Stones na época comparou o estilo do vocalista Serge Tankian com o de Jonathan Davies do Korn, um dos grandes expoentes do gênero, assim como fez comparações com Maynard James do Tool, banda mais voltada para o rock progressivo e que lançava seu trabalho em momento próximo.

Entretanto, o grande diferencial do Soad (sigla usada pra se referir à banda) em relação aos demais artistas da época, se não em termos de estilo, é o grande teor de engajamento político, presente em boa parte de suas composições. Ademais, o fato dos membros serem de origem armênia despertou maior interesse por parte da mídia, afinal de contas não era sempre que se viam bandas com uma proposta e um background tão interessante.

Logo na primeira faixa, Prison Song, é possível notar a tarefa da banda de criticar a sociedade e as políticas públicas, começando pelo sistema penitenciário norte-americano e o grande número de detentos. Baixo e bateria, além de um riff contagiante, são os grandes destaques de uma música extremamente barulhenta e que deixa uma tremenda vontade de bater cabeça, não importa onde esteja.




Em seguida, vem Needles que continua a pegada pesada deixada pela faixa anterior, além da excelente participação vocal de Malakian se aproximando dos momentos finais da música. Deer Dance e Jet Pilot, apesar de curtas ajudam a manter o ritmo alucinante do álbum. X, a quinta faixa, prepara o caminho para a primeira grande jóia do álbum, a famosa Chop Suey!, se consolida através de uma letra marcante, a qual questiona a forma pejorativa como algumas pessoas são citadas e julgadas mesmo depois de morrerem, principalmente aquelas que tiveram problemas ou vícios.

Depois dessa sexta faixa, percebe-se uma segunda parte mais progressiva e experimental por parte da banda, com exceções de Bounce, Shimmy e Psycho que continuam o ritmo acelerado das primeiras faixas. Forest, outra jóia do álbum, mostra certa cadência que ainda sim, não consegue fazer o ouvinte parar com a vontade de bater cabeça!

Atwa e Science são também grandes destaques dessa segunda parte, a primeira com uma belíssima utilização de arpejos que se transformam em um poderoso refrão na voz de Tankian, enquanto que a segunda demonstra o diferenciado estilo do Soad com a participação do músico Avant Garde de origem armênia, Arto Tunçboyacıyan que traz uma sonoridade única.

Outro enorme destaque é Toxicity, cujo riff é realmente memorável e como um todo acaba sendo uma das mais incríveis composições da banda até os dias de hoje, além das letras que criticam o ambiente tóxico das grandes cidades e que fica implícito na utilização de uma quase desarmonia instrumental, refletida principalmente pelo baixo de Shavo, e que remete ao caos que se observa no cotidiano das grandes cidades.



Por fim, a cereja do bolo é definitivamente Aerials. Além de uma pegada progressiva e bem alternativa, a canção consegue envolver o ouvinte de forma única, unindo o peso das guitarras no refrão, com a sonoridade reflexiva da ponte que liga os versos e um final com a reprodução de uma canção tradicional religiosa armênia.